domingo, 8 de setembro de 2013

METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA: O PASSO A PASSO DO FAZER CIÊNCIA



Blog METODOLOGIA CIENTÍFICA NA PRÁTICA, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.

  

COMO DELINEAR A METODOLOGIA DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA


Em uma de suas obras epistemológicas, intitulada “Como elaborar projetos de pesquisa”, GIL (2010) ressalta que como as pesquisas diferem muito entre si, não há como definir um roteiro padrão, rígido, que possa ou deva ser aplicável a todos os tipos de projetos de pesquisa. Todavia, segundo o autor, é possível elencar um modelo relativamente flexível com os elementos essenciais de um projeto. Daí, explana sobre os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais de um projeto de pesquisa.
Focando nos elementos textuais, GIL explana a relevância e maneira correta de elaboração da Introdução, da Revisão da literatura, do Cronograma de execução, do Orçamento da pesquisa, e, é claro, da Metodologia, objeto de estudo do presente artigo. Nesta perspectiva, GIL (2010, p. 171) salienta:


Outra seção imprescindível é a que trata da Metodologia adotada na realização da pesquisa. Sua organização varia conforme as peculiaridades de cada estudo. Há, no entanto, algumas informações cuja apresentação é imprescindível, como as referentes a: tipo de pesquisa (experimental, levantamento, estudo de caso etc.); população e amostra (extensão da população, processo de extração da amostra etc.); coleta de dados (descrição das técnicas, tais como questionários, entrevistas, observação etc.); análise dos dados (testes de hipóteses, correlação, análise de regressão etc.). 



MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

Explanando sobre a seleção de métodos e técnicas de uma pesquisa científica, MARCONI & LAKATOS (2007) apontam que ambos podem ser selecionados desde a proposição do problema de pesquisa, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra. Além disso, frisam que tanto as técnicas quanto os métodos selecionados devem adequar-se ao problema a ser estudado, às hipóteses levantadas e que se queira confirmar, bem como ao tipo de informantes a serem contatados no decorrer da execução do projeto.

Métodos de pesquisa

No intuito de avaliar a qualidade dos resultados de uma pesquisa científica, torna-se necessário saber como os dados foram obtidos, bem como os procedimentos adotados em sua análise e interpretação. Por essa razão o uso da racionalidade humana em classificar as pesquisas, quer segundo a natureza dos dados (pesquisa quantitativa e/ou qualitativa), quer segundo o ambiente em que estes são coletados (pesquisa de campo ou de laboratório), ou ainda segundo o grau de controle das variáveis (experimental ou não experimental), etc. (GIL, 2010).
Consoante o entendimento de GIL (2010), delinear uma pesquisa significa planejá-la em sua dimensão mais ampla, a qual envolve os fundamentos metodológicos, a definição dos objetivos, o ambiente da pesquisa e a determinação das técnicas de coleta e análise de dados. Desse modo, segundo o autor, o delineamento da pesquisa expressa tanto a idéia de modelo quanto a de plano.
Salientando que podem ser identificados muitos delineamentos de pesquisa, GIL (2010, p. 29) explana os principais deles, com os seguintes dizeres:


O sistema aqui adotado leva em consideração o ambiente de pesquisa, a abordagem teórica e as técnicas de coleta e análise de dados. Assim, definem-se os seguintes delineamentos de pesquisa [treze]: pesquisa bibliográfica; pesquisa documental; pesquisa experimental; ensaio clínico; estudo caso-controle; estudo de coorte; levantamento de campo (survey); estudo de caso; pesquisa etnográfica; pesquisa fenomenológica; teoria fundamentada nos dados (grounded theory); pesquisa-ação; pesquisa participante. 

Exemplo:

A pesquisa do presente anteprojeto caracteriza-se como um estudo de caso observacional aplicado, do tipo bibliográfico e documental (GIL, 2010). Utiliza a abordagem metodológica empírico-analítica, cujos princípios são positivistas, isto é, visam à busca da explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos (GIL, 2010). As técnicas de amostragem, os tratamentos estatísticos e os estudos experimentais severamente controlados são instrumentos usados neste tipo de abordagem.

a)    Pesquisa bibliográfica:

A metodologia bibliográfica oferece meios que auxiliam na definição e resolução dos problemas já conhecidos, como também permite explorar novas áreas onde os mesmos ainda não se cristalizaram suficientemente. Permite também que um tema seja analisado sob novo enfoque ou abordagem, produzindo novas conclusões. Além disso, permite a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla, mormente em se tratando de pesquisa cujo problema requeira a coleta de dados muito dispersos no espaço. SEVERINO (2007, p. 122) destaca:


A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos.

Realmente, toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que possa ser considerado como pesquisa bibliográfica. Prova disso é que nas dissertações e teses da atualidade, em sua maioria, há um capítulo especial dedicado à revisão bibliográfica cuja finalidade principal é fundamentar o trabalho acadêmico teórica e consistentemente, identificando, não raro, o estágio atual do conhecimento referente ao tema. GIL (2010, p. 29) explana sobre tal tipo de pesquisa com os seguintes dizeres:


A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela internet.

Ressaltando a relevância de tal tipo de pesquisa, Gil (2010) destaca que ela permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, em especial quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Entretanto, não se esquece de salientar que, como fontes secundárias, as bibliografias podem apresentar dados coletados ou processados de forma equivocada, tornando possível a reprodução e/ou ampliação desses erros em trabalhos nelas fundamentadas. Por essa razão, Gil (2010, p. 30) fornece sugestões úteis para reduzir tal possibilidade, dizendo:


Para reduzir essa possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das condições em que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as cuidadosamente.

De acordo com Gil (2010), não existem regras fixas para a realização de pesquisas bibliográficas, mas algumas tarefas que a experiência demonstra serem importantes. Dessa forma, seguiu-se o seguinte roteiro de trabalho:

a)    Exploração das fontes bibliográficas: livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa entre outros, que contêm não só informação sobre determinados temas, mas indicações de outras fontes de pesquisa;

b)   Leitura do material: conduzida de forma seletiva, retendo as partes essenciais para o desenvolvimento do estudo, e analítica, avaliando a qualidade das informações coletadas;

c)    Elaboração de fichas: foram elaborados fichas de citações, de resumo e bibliográficas, contendo as partes mais relevantes dos materiais consultados;

d)   Ordenação e análise das fichas: organizadas e ordenadas de acordo com o seu conteúdo, conferindo sua confiabilidade;

e)    Conclusões: obtidas a partir da análise qualitativa e quantitativa dos dados.

Neste projeto, tal método será utilizado no intuito de levantar dados a partir livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa, entre outros projetos relacionados à gestão dos recursos hídricos, mormente no processo de geração de energia hidroelétrica, disponíveis em bibliografias impressas e/ou digitalizadas de organizações governamentais e não governamentais atuantes na área no Brasil e no mundo bem como em documentos oficiais brasileiros e internacionais sobre a temática em questão.

b)   Pesquisa de campo:

A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Sobre tal metodologia de pesquisa, SEVERINO (2007, p. 123) enfatiza:


Na pesquisa de campo, objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados, sem intervenção e manuseio por parte do pesquisador. Abrange desde os levantamentos (surveys), que são mais descritivos, até estudos mais analíticos.

c)    Estudo de caso;

O Estudo de Caso evidencia-se como um tipo de pesquisa que tem sempre um forte cunho descritivo (RODRIGO, 2008). SEVERINO (2007, p. 121) conceitua o estudo de caso como:

Pesquisa que se concentra no estudo de um caso particular, considerado representativo de um conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo. A coleta dos dados e sua análise se dão da mesma forma que nas pesquisas de campo, em geral.

Sobre o papel do pesquisador nesse contexto, RODRIGO (2008, p. 3) salienta:

O pesquisador não pretende intervir sobre a situação, mas dá-la a conhecer tal como ela lhe surge. Pode utilizar vários instrumentos e estratégias. Entretanto, um estudo de caso não precisa ser meramente descritivo.Pode ter um profundo alcance analítico, pode interrogar a situação. Pode confrontar a situação com outras já conhecidas e com as teorias existentes. Pode ajudar a gerar novas teorias e novas questões para futura investigação. As características ou princípios associados ao estudo de caso se superpõem às características gerais da pesquisa qualitativa.

Vale ressaltar que o caso selecionado para a pesquisa precisa ser significativo e bem representativo, de modo a ser apto a fundamentar uma generalização para situações análogas, autorizando inferências. Deve-se seguir os procedimentos da pesquisa de campo na etapa de coleta e registro dos dados, os quais devem ser trabalhados, por meio de análise rigorosa, e apresentados em relatórios qualificados (SEVERINO, 2007).
VILABOL apud RODRIGO (2008, p. 3) explana o estudo de caso, exemplificando-o:

É uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida, como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou uma unidade social. Visa conhecer o seu “como” e os seus “porquês”, evidenciando a sua unidade e identidade própria. É uma investigação que se assume como particularística, debruçando-se sobre uma situação específica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico.

Contextualizando de acordo com a literatura epistemológica, os estudos de casos podem se dividir, consoante TRIVIÑOS (1987, p. 135) em:

a)    Históricos organizacionais: quando se trata de uma instituição que se deseja examinar;

b)   Observacionais: ligados à pesquisa qualitativa e participante, utilizando em alta escala a observação;

c)    Histórias de vida: técnica de pesquisa realizada pela avaliação de dados coletados em documentos e depoimentos orais registrados pelo pesquisador ou pelo próprio entrevistado.

Nesta perspectiva, aplicará durante a execução do presente projeto, esse método no intuito de descrever e analisar o funcionamento da usina hidroelétrica Monjolinho de São Carlos, identificando seus impactos no município e região.

d)   Documental:

Embora a pesquisa bibliográfica e a documental sejam bastante semelhantes, por ambas se respaldarem em materiais elaborados e já publicados, Gil (2010) aponta que a principal diferença entre elas encontra-se na natureza das fontes. Sobre a identificação das mesmas, Gil (2010, p. 31) elucida:


O que geralmente se recomenda é que seja considerada fonte documental quando o material consultado é interno à organização, e fonte bibliográfica quando for obtido em bibliotecas ou bases de dados.

Para Marconi e Lakatos (2007), a pesquisa documental consiste na análise de fontes primárias, isto é, elaboradas pelo próprio autor, enquanto a pesquisa bibliográfica consiste na análise de fontes secundárias, isto é, transcritas de fontes primárias contemporâneas ou retrospectivas. Nas palavras das autoras (2007, p. 62):


A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser recolhidas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois.

Procedimentos técnicos de pesquisa

Em seu livro “Metodologia do Trabalho Científico”, página 124, SEVERINO, 2007, descreve as técnicas de pesquisas científicas como sendo os procedimentos operacionais que servem de mediação prática para a realização das mesmas. Ressalta que elas podem ser utilizadas em pesquisas conduzidas por meio de diferentes metodologias e fundadas em diferentes epistemologias, desde que, é claro, compatíveis com os métodos adotados e com os paradigmas epistemológicos adotados. (SEVERINO, 2007, p. 124)
Para Marconi & Lakatos, 2007, p. 62, “técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática”. De fato, o processo da construção científica exige e utiliza inúmeros procedimentos técnicos na obtenção de seus propósitos.
No que tange aos procedimentos técnicos de pesquisa, MARCONI & LAKATOS (2007, p. 33) explanam:


São vários os procedimentos [técnicas de pesquisa] para a realização da coleta de dados, que variam de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em linhas gerais, as técnicas de pesquisa são [onze]: coleta documental; observação; entrevista; questionário; formulário; medidas de opiniões e de atitudes; técnicas mercadológicas; testes; sociometria; análise de conteúdo; história de vida.


Exemplo:

Nesta perspectiva, serão utilizados para a execução do presente projeto de pesquisa, os seguintes procedimentos técnicos:

a) Documentação[1]:

É toda forma de registro e sistematização de dados, informações, colocando-os em condições e análise por parte do pesquisador. Pode ser tomada em três sentidos fundamentais: como técnica de coleta, de organização e conservação de documentos; como ciência que elabora critérios para a coleta, organização, sistematização, conservação, difusão dos documentos; no contexto da realização de uma pesquisa, é a técnica de identificação, levantamento, exploração de documentos fontes do objeto pesquisado e registro das informações retiradas nessas fontes e que serão utilizadas no desenvolvimento do trabalho. (SEVERINO, 2007, p. 124)

Nesse projeto, a documentação é utilizada como a principal ferramenta para embasamento teórico das pesquisas realizadas.

b)   Questionário:

Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo. As questões devem ser pertinentes ao objeto e claramente formuladas, de modo a serem bem compreendidas pelos sujeitos. As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas, ambigüidades e respostas lacônicas. Podem ser questões fechadas ou questões abertas. No primeiro caso, as respostas serão escolhidas dentre as opções predefinidas pelo pesquisador; no segundo, o sujeito pode elaborar as respostas, com suas próprias palavras, a partir de sua elaboração pessoal. De modo geral, o questionário deve ser previamente testado (pré-teste), mediante sua aplicação a um grupo pequeno, antes de sua aplicação ao conjunto dos sujeitos a que se destina, o que permite ao pesquisador avaliar e, se for o caso, revisá-lo e ajustá-lo. (SEVERINO, 2007, p. 126)

c) Diário de campo:

Consiste num instrumento de anotações, um caderno com espaço  suficiente para  anotações,  comentários  e  reflexão, para uso  individual do  investigador no  seu dia-a-dia. Nele se anotam  todas  as  observações  de  fatos  concretos, fenômenos  sociais, acontecimentos,  relações verificadas, experiências  pessoais  do investigador, suas  reflexões e comentários. Ele  facilita  criar  o  hábito   de   escrever   e  observar  com atenção,  descrever   com    precisão  e   refletir  sobre   os acontecimentos. Pode ser do tipo descritivo ou reflexivo.
Consoante Falkembach (1987, p. 19-24), o diário de campo do tipo descritivo:




[...] Busca captar uma imagem da realidade, com seu máximo detalhamento,incluindo aspectos do local, pessoas, ações e conversas observadas. [...] As notas descritivas dizem respeito ao registro das informações referentes aos acontecimentos, na seqüência em que ocorrem, podendo ser  registradas ao vivo e/ou imediatamente após, e complementadas posteriormente [...]

Segundo o mesmo autor (1987, p. 19-24), o diário de campo do tipo reflexivo:


[...] Apreende o ponto de vista do observador, suas percepções, suas idéias e preocupações. [...] As notas analíticas correspondem às reflexões pessoais: idéias, percepções e  sentimentos surgidos durante a ação, nos contatos formais e informais, registrados – ao vivo ou mais imediatamente possível em forma de breves lembretes e posteriormente através de anotações mais elaboradas [...]



NÍVEIS LÓGICOS DAS PESQUISAS

Segundo Sánchez Gamboa (2007, p. 70), a lógica das pesquisas pode ser articulada no âmbito:

a)    Metodológico: que corresponde aos procedimentos de se abordar o objeto investigado, as maneiras como são organizados os processos do conhecimento;

b)   Técnico: que são os processos de sistematização e tratamento dos dados e as informações. Refere-se aos instrumentos e passos operacionais com que são coletados e sistematizados os registros, os documentos e as informações sobre o real;

c)    Epistemológico: o qual se refere aos critérios de “cientificidade”, como as concepções de causalidade, de ciência e critérios de validação dos requisitos da prova científica;

d)   Teórico: que corresponde aos referenciais explicativos ou compreensivos utilizados na abordagem dos fenômenos estudados. Este nível se refere também aos núcleos conceituais básicos, autores citados, pretensões críticas com relação a outras teorias, conclusões e propostas apresentadas;

e)    Gnosiológico: que se refere ao entendimento que o pesquisador tem do real, o abstrato e o concreto no processo para a construção do objeto no processo de conhecimento da pesquisa científica; corresponde as maneiras de abstrair, generalizar, conceituar, classificar, formalizar ou, em termos gerais, as maneiras de conceber o objeto e de relacioná-lo com o sujeito no processo cognitivo;

f)    Ontológico: que corresponde às concepções de homem, de sociedade, de história (espaço, tempo, e movimento), que exprimem a visão de mundo do pesquisador no momento de realizar o processo de formular perguntas e procurar respostas para os problemas ou fenômenos abordados.

ABORDAGENS METODOLÓGICAS

“No âmbito das ciências humanas, mais especificamente na área da Educação, identificamos Sánchez Gamboa (1998) com um dos principais autores que vêm discutindo as diferentes formas de fazer pesquisa, ao realizar estudos epistemológicos desde a década de 80 acerca das pesquisas em educação no Brasil. O autor, por meio de uma revisão da literatura especializada, classificou as abordagens metodológicas a partir de três linhas de pensamento que se apresentam de forma geral na produção de pesquisas no campo da educação. Linhas que, epistemologicamente, possuem divergências e desdobramentos diferentes quando relacionadas à prática profissional e/ou pedagógica. São elas: as abordagens empírico-analíticas, as fenomenológico-hermenêuticas e as crítico-dialéticas.” (SÁNCHEZ GAMBOA apud ANJOS, 2011, p. 54)
“Estas abordagens são elementos constitutivos de 3 correntes de pensamento ou visões de mundo diferentes, são eles: positivismo (empírico-analítica), fenomenologia (fenomenológico-hermenêutica) e materialismo histórico-dialético (crítico-dialética).” (SÁNCHEZ GAMBOA apud ANJOS, 2011, p. 54)

Abordagem empírico-analítica

Os princípios do positivismo são a busca da explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos (TRIVIÑOS, 1987, p. 34). A filosofia positiva deve guiar o homem para a certeza, para a precisão, distanciando-o da indecisão e eliminando o vago. O positivismo considera a realidade como formada por partes isoladas, busca o conhecimento objetivo do dado, alheio a qualquer traço de subjetividade e defende a neutralidade da ciência. Emprega o termo variável como um dos elementos principais no processo de quantificação dos fatos sociais (TRIVIÑOS, 1987, p. 38). As técnicas de amostragem, os tratamentos estatísticos e os estudos severamente controlados são instrumentos usados neste tipo de abordagem.

Abordagem fenomenológico-hermenêutica

Na fenomenologia, a idéia fundamental é a noção de intencionalidade. Esta intencionalidade é da consciência que sempre está dirigida a um objeto (TRIVIÑOS, 1987, p. 42-43). Tem como princípio que não existe objeto sem sujeito. E segue na busca dos significados da intencionalidade do sujeito à realidade (TRIVIÑOS, 1987, p. 48). Busca a essência, ou seja, o que o fenômeno verdadeiramente é (TRIVIÑOS, 1987). Na fenomenologia o significado, que é o conceito central para a análise, propõe a subjetividade como fundante do sentido e defende-a como constitutiva do social e inerente ao entendimento objetivo (MINAYO, 2004, p. 11).
Nas pesquisas fenomenológicas, com procedimentos qualitativos, opera-se em geral, com categorias (MINAYO, 1994). Categoria se refere a uma palavra ou um conceito. Em geral, liga-se à idéia de classe ou série; são empregadas para estabelecer classificações. Trabalhar com categorias, então, significa agrupar elementos, idéias, expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso.
MASINI (2006) afirma que o método fenomenológico não se limita a uma descrição passiva. É simultaneamente tarefa de interpretação que consiste em por a descoberto os sentidos menos aparentes, os que o fenômeno tem de mais fundamental.

Abordagem crítica-dialética

Já no materialismo histórico-dialético ou dialética marxista a idéia materialista do mundo reconhece que a realidade existe independentemente da consciência (TRIVIÑOS, 1987, p. 50). Segundo Triviños (1987, p. 51) talvez uma das idéias mais originais do materialismo dialético seja a de haver ressaltado, na teoria do conhecimento, a importância da prática social como critério de verdade. E ao enfocar historicamente o conhecimento, em seu processo dialético, colocou em relevo a interconexão do relativo e do absoluto. O autor também ressalta que a categoria essencial do materialismo histórico-dialético é a contradição, que é a origem do movimento. A abordagem do materialismo é a dialética: das relações entre o indivíduo e a sociedade, entre as idéias e a base material, entre a realidade e a sua compreensão pela ciência, e as correntes que enfatizam o sujeito histórico e a luta de classes.
A lógica da dialética esforça para entender o processo histórico em seu dinamismo, provisoriedade e transformação. A crítica da dialética introduz na compreensão da realidade o princípio do conflito e da contradição como algo permanente e que explica a tranformação. Parte da premissa de que existe uma relação dialética entre os fenômenos e a sua essência, entre o singular e o universal, a imaginação e a razão, a base material e a consciência, entre a teoria e prática, objetivo e subjetivo, indução e dedução (MINAYO, 2004).
SÁNCHEZ GAMBOA (2007, p. 139) afirma que a dialética inclui a dinâmica do caminho de volta, do todo às partes e das partes ao todo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANJOS, Isa Regina Santos dos. Dotação e talento: concepções reveladas em dissertações e teses no Brasil. São Carlos: UFSCar, 2011. 186p.

FALKEMBACH, Elza Maria F. Diário de campo: um instrumento de reflexão. In: Contexto e educação. Ijuí, RS Vol. 2, n. 7 (jul./set. 1987), p. 19-24.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2010. 184p.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2007. 289p.

       MASINI, Elcie Salzano. Enfoque fenomenológico da pesquisa em educação. In: FAZENDA, Ivani. Metodologia da pesquisa educacional. 10ª edição. São Paulo: Cortez, 2006.

     MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1994.

     MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª edição. São Paulo: Hucitec, 2004.

RODRIGO, Jonas. Fundamentação teórica: estudo de caso do TRT 18ª região. Brasília: Vestcon, 2008. 8p. Disponível em <http://www.vestcon.com.br/ ft/3116.pdf>. Acessado em 07 de setembro de 2013.

   SÁNCHEZ GAMBOA, S. (Org). Pesquisa educacional: quantidade – qualidade. 6ª edição. São Paulo: Cortez, 2007.

        SÁNCHEZ GAMBOA, S. Pesquisa em educação: métodos e epistemologia. 1ª edição. Chapecó: Argos, 2008.

  SÁNCHEZ GAMBOA, S. Á. Fundamentos para La investigácion educativa: presupuestos epistemológicos que orientam al investigador. Santa Fé de Bogotá: Cooperativa, Editorial Magisterio, 1998.

   SÁNCHEZ GAMBOA, S. Epistemologia da Pesquisa em Educação. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1987.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. 23ª edição. Sao Paulo: Cortez, 2007. 304 p.



[1]Documento: em ciência, documento é todo objeto (livro, jornal, estátua, escultura, edifício, ferramenta, túmulo, monumento, foto, filme, vídeo, disco, CD etc.) que se torna suporte material (pedra, madeira, metal, papel etc.) e uma informação (oral, escrita, gestual, visual, sonora etc.) que nele é fixada mediante técnicas especiais (escritura, impressão, incrustação, pintura, escultura, construção etc.). Nessa condição, transforma-se em fonte durável de informação sobre os fenômenos pesquisados. (SEVERINO, 2007, p. 124)