Blog METODOLOGIA CIENTÍFICA NA PRÁTICA, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.
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COMO
DELINEAR A METODOLOGIA DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA
Em uma de suas obras epistemológicas, intitulada
“Como elaborar projetos de pesquisa”, GIL (2010) ressalta que como as pesquisas
diferem muito entre si, não há como definir um roteiro padrão, rígido, que
possa ou deva ser aplicável a todos os tipos de projetos de pesquisa. Todavia, segundo
o autor, é possível elencar um modelo relativamente flexível com os elementos
essenciais de um projeto. Daí, explana sobre os elementos pré-textuais,
textuais e pós-textuais de um projeto de pesquisa.
Focando nos elementos textuais, GIL
explana a relevância e maneira correta de elaboração da Introdução, da Revisão
da literatura, do Cronograma de execução, do Orçamento da pesquisa, e, é claro,
da Metodologia, objeto de estudo do presente artigo. Nesta perspectiva, GIL (2010, p. 171) salienta:
Outra seção imprescindível é a
que trata da Metodologia adotada na realização da pesquisa. Sua organização
varia conforme as peculiaridades de cada estudo. Há, no entanto, algumas
informações cuja apresentação é imprescindível, como as referentes a: tipo de
pesquisa (experimental, levantamento, estudo de caso etc.); população e amostra
(extensão da população, processo de extração da amostra etc.); coleta de dados
(descrição das técnicas, tais como questionários, entrevistas, observação
etc.); análise dos dados (testes de hipóteses, correlação, análise de regressão
etc.).
MÉTODOS
E TÉCNICAS DE PESQUISA
Explanando sobre a seleção de métodos e
técnicas de uma pesquisa científica, MARCONI & LAKATOS (2007) apontam que
ambos podem ser selecionados desde a proposição do problema de pesquisa, da
formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra. Além
disso, frisam que tanto as técnicas quanto os métodos selecionados devem
adequar-se ao problema a ser estudado, às hipóteses levantadas e que se queira
confirmar, bem como ao tipo de informantes a serem contatados no decorrer da
execução do projeto.
Métodos
de pesquisa
No intuito de avaliar a qualidade dos
resultados de uma pesquisa científica, torna-se necessário saber como os dados
foram obtidos, bem como os procedimentos adotados em sua análise e interpretação.
Por essa razão o uso da racionalidade humana em classificar as pesquisas, quer
segundo a natureza dos dados (pesquisa quantitativa e/ou qualitativa), quer
segundo o ambiente em que estes são coletados (pesquisa de campo ou de
laboratório), ou ainda segundo o grau de controle das variáveis (experimental
ou não experimental), etc. (GIL, 2010).
Consoante o entendimento de GIL (2010),
delinear uma pesquisa significa planejá-la em sua dimensão mais ampla, a qual
envolve os fundamentos metodológicos, a definição dos objetivos, o ambiente da
pesquisa e a determinação das técnicas de coleta e análise de dados. Desse
modo, segundo o autor, o delineamento da pesquisa expressa tanto a idéia de
modelo quanto a de plano.
Salientando que podem ser identificados
muitos delineamentos de pesquisa, GIL (2010, p. 29) explana os principais
deles, com os seguintes dizeres:
O sistema aqui adotado leva em
consideração o ambiente de pesquisa, a abordagem teórica e as técnicas de
coleta e análise de dados. Assim, definem-se os seguintes delineamentos de
pesquisa [treze]: pesquisa bibliográfica; pesquisa documental; pesquisa
experimental; ensaio clínico; estudo caso-controle; estudo de coorte;
levantamento de campo (survey); estudo de caso; pesquisa etnográfica; pesquisa
fenomenológica; teoria fundamentada nos dados (grounded theory); pesquisa-ação;
pesquisa participante.
Exemplo:
A
pesquisa do presente anteprojeto caracteriza-se como um estudo de caso observacional
aplicado, do tipo bibliográfico e documental (GIL, 2010). Utiliza a abordagem
metodológica empírico-analítica, cujos princípios são positivistas, isto é,
visam à busca da explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a
exaltação da observação dos fatos (GIL, 2010). As técnicas de amostragem, os
tratamentos estatísticos e os estudos experimentais severamente controlados são
instrumentos usados neste tipo de abordagem.
a)
Pesquisa
bibliográfica:
A
metodologia bibliográfica oferece meios que auxiliam na definição e resolução
dos problemas já conhecidos, como também permite explorar novas áreas onde os
mesmos ainda não se cristalizaram suficientemente. Permite também que um tema
seja analisado sob novo enfoque ou abordagem, produzindo novas conclusões. Além
disso, permite a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla, mormente
em se tratando de pesquisa cujo problema requeira a coleta de dados muito
dispersos no espaço. SEVERINO (2007, p. 122) destaca:
A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos.
Realmente, toda pesquisa
acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que possa ser
considerado como pesquisa bibliográfica. Prova disso é que nas dissertações e
teses da atualidade, em sua maioria, há um capítulo especial dedicado à revisão
bibliográfica cuja finalidade principal é fundamentar o trabalho acadêmico
teórica e consistentemente, identificando, não raro, o estágio atual do
conhecimento referente ao tema. GIL (2010, p. 29) explana sobre tal tipo de
pesquisa com os seguintes dizeres:
A pesquisa bibliográfica é
elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade
de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses,
dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da
disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a
incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o
material disponibilizado pela internet.
Ressaltando a relevância de
tal tipo de pesquisa, Gil (2010) destaca que ela permite ao investigador a
cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia
pesquisar diretamente, em especial quando o problema de pesquisa requer dados
muito dispersos pelo espaço. Entretanto, não se esquece de salientar que, como
fontes secundárias, as bibliografias podem apresentar dados coletados ou
processados de forma equivocada, tornando possível a reprodução e/ou ampliação
desses erros em trabalhos nelas fundamentadas. Por essa razão, Gil (2010, p.
30) fornece sugestões úteis para reduzir tal possibilidade, dizendo:
Para reduzir essa
possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das condições em que os
dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir
possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as
cuidadosamente.
De acordo com Gil (2010), não
existem regras fixas para a realização de pesquisas bibliográficas, mas algumas
tarefas que a experiência demonstra serem importantes. Dessa forma, seguiu-se o
seguinte roteiro de trabalho:
a)
Exploração
das fontes bibliográficas: livros, revistas científicas, teses, relatórios de
pesquisa entre outros, que contêm não só informação sobre determinados temas,
mas indicações de outras fontes de pesquisa;
b)
Leitura
do material: conduzida de forma seletiva, retendo as partes essenciais para o
desenvolvimento do estudo, e analítica, avaliando a qualidade das informações
coletadas;
c)
Elaboração
de fichas: foram elaborados fichas de citações, de resumo e bibliográficas,
contendo as partes mais relevantes dos materiais consultados;
d)
Ordenação
e análise das fichas: organizadas e ordenadas de acordo com o seu conteúdo,
conferindo sua confiabilidade;
e)
Conclusões:
obtidas a partir da análise qualitativa e quantitativa dos dados.
Neste
projeto, tal método será utilizado no intuito de levantar dados a partir
livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa, entre outros
projetos relacionados à gestão dos recursos hídricos, mormente no processo de
geração de energia hidroelétrica, disponíveis em bibliografias impressas e/ou
digitalizadas de organizações governamentais e não governamentais atuantes na
área no Brasil e no mundo bem como em documentos oficiais brasileiros e
internacionais sobre a temática em questão.
b)
Pesquisa
de campo:
A
pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como
ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à
análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica
consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Sobre
tal metodologia de pesquisa, SEVERINO (2007, p. 123) enfatiza:
Na pesquisa de campo,
objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta dos dados é
feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente
observados, sem intervenção e manuseio por parte do pesquisador. Abrange desde
os levantamentos (surveys), que são mais descritivos, até estudos mais
analíticos.
c)
Estudo
de caso;
O Estudo
de Caso evidencia-se como um tipo de pesquisa que tem sempre um forte cunho
descritivo (RODRIGO, 2008). SEVERINO (2007, p. 121) conceitua o estudo de caso
como:
Pesquisa que se concentra no estudo de um caso
particular, considerado representativo de um conjunto de casos análogos, por
ele significativamente representativo. A coleta dos dados e sua análise se dão
da mesma forma que nas pesquisas de campo, em geral.
Sobre o
papel do pesquisador nesse contexto, RODRIGO (2008, p. 3) salienta:
O pesquisador não pretende intervir sobre a
situação, mas dá-la a conhecer tal como ela lhe surge. Pode utilizar vários
instrumentos e estratégias. Entretanto, um estudo de caso não precisa ser
meramente descritivo.Pode ter um profundo alcance analítico, pode interrogar a
situação. Pode confrontar a situação com outras já conhecidas e com as teorias
existentes. Pode ajudar a gerar novas teorias e novas questões para futura
investigação. As características ou princípios associados ao estudo de caso se
superpõem às características gerais da pesquisa qualitativa.
Vale
ressaltar que o caso selecionado para a pesquisa precisa ser significativo e
bem representativo, de modo a ser apto a fundamentar uma generalização para
situações análogas, autorizando inferências. Deve-se seguir os procedimentos da
pesquisa de campo na etapa de coleta e registro dos dados, os quais devem ser
trabalhados, por meio de análise rigorosa, e apresentados em relatórios
qualificados (SEVERINO, 2007).
VILABOL
apud RODRIGO (2008, p. 3) explana o estudo de caso, exemplificando-o:
É uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma
unidade que se analisa profundamente. Pode ser caracterizado como um estudo de
uma entidade bem definida, como um programa, uma instituição, um sistema
educativo, uma pessoa ou uma unidade social. Visa conhecer o seu “como” e os
seus “porquês”, evidenciando a sua unidade e identidade própria. É uma
investigação que se assume como particularística, debruçando-se sobre uma
situação específica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e
característico.
Contextualizando
de acordo com a literatura epistemológica, os estudos de casos podem se
dividir, consoante TRIVIÑOS (1987, p. 135) em:
a)
Históricos
organizacionais: quando se trata de uma instituição que se deseja examinar;
b)
Observacionais:
ligados à pesquisa qualitativa e participante, utilizando em alta escala a
observação;
c)
Histórias
de vida: técnica de pesquisa realizada pela avaliação de dados coletados em
documentos e depoimentos orais registrados pelo pesquisador ou pelo próprio
entrevistado.
Nesta
perspectiva, aplicará durante a execução do presente projeto, esse método no
intuito de descrever e analisar o funcionamento da usina hidroelétrica
Monjolinho de São Carlos, identificando seus impactos no município e região.
d)
Documental:
Embora a pesquisa bibliográfica e a documental
sejam bastante semelhantes, por ambas se respaldarem em materiais elaborados e
já publicados, Gil (2010) aponta que a principal diferença entre elas
encontra-se na natureza das fontes. Sobre a identificação das mesmas, Gil (2010, p. 31) elucida:
O que geralmente se
recomenda é que seja considerada fonte documental quando o material consultado
é interno à organização, e fonte bibliográfica quando for obtido em bibliotecas
ou bases de dados.
Para Marconi e Lakatos (2007), a pesquisa
documental consiste na análise de fontes primárias, isto é, elaboradas pelo
próprio autor, enquanto a pesquisa bibliográfica consiste na análise de fontes
secundárias, isto é, transcritas de fontes primárias contemporâneas ou
retrospectivas. Nas palavras das autoras (2007, p. 62):
A característica da pesquisa
documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos,
escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas
podem ser recolhidas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois.
Procedimentos
técnicos de pesquisa
Em seu livro “Metodologia do
Trabalho Científico”, página 124, SEVERINO, 2007, descreve as técnicas de
pesquisas científicas como sendo os procedimentos operacionais que servem de
mediação prática para a realização das mesmas. Ressalta que elas podem ser
utilizadas em pesquisas conduzidas por meio de diferentes metodologias e
fundadas em diferentes epistemologias, desde que, é claro, compatíveis com os
métodos adotados e com os paradigmas epistemológicos adotados. (SEVERINO, 2007,
p. 124)
Para Marconi & Lakatos, 2007, p. 62,
“técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou
arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática”. De
fato, o processo da construção científica exige e utiliza inúmeros
procedimentos técnicos na obtenção de seus propósitos.
No que tange aos procedimentos técnicos
de pesquisa, MARCONI & LAKATOS (2007, p. 33) explanam:
São vários os procedimentos
[técnicas de pesquisa] para a realização da coleta de dados, que variam de
acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em linhas gerais,
as técnicas de pesquisa são [onze]: coleta documental; observação; entrevista;
questionário; formulário; medidas de opiniões e de atitudes; técnicas
mercadológicas; testes; sociometria; análise de conteúdo; história de vida.
Exemplo:
Nesta perspectiva, serão utilizados para a
execução do presente projeto de pesquisa, os seguintes procedimentos técnicos:
a)
Documentação[1]:
É toda forma de registro e sistematização de dados,
informações, colocando-os em condições e análise por parte do pesquisador. Pode
ser tomada em três sentidos fundamentais: como técnica de coleta, de
organização e conservação de documentos; como ciência que elabora critérios
para a coleta, organização, sistematização, conservação, difusão dos
documentos; no contexto da realização de uma pesquisa, é a técnica de
identificação, levantamento, exploração de documentos fontes do objeto
pesquisado e registro das informações retiradas nessas fontes e que serão
utilizadas no desenvolvimento do trabalho. (SEVERINO, 2007, p. 124)
Nesse
projeto, a documentação é utilizada como a principal ferramenta para
embasamento teórico das pesquisas realizadas.
b)
Questionário:
Conjunto de questões,
sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas
por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos
sobre os assuntos em estudo. As questões devem ser pertinentes ao objeto e
claramente formuladas, de modo a serem bem compreendidas pelos sujeitos. As
questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas igualmente
objetivas, evitando provocar dúvidas, ambigüidades e respostas lacônicas. Podem
ser questões fechadas ou questões abertas. No primeiro caso, as respostas serão
escolhidas dentre as opções predefinidas pelo pesquisador; no segundo, o
sujeito pode elaborar as respostas, com suas próprias palavras, a partir de sua
elaboração pessoal. De modo geral, o questionário deve ser previamente testado
(pré-teste), mediante sua aplicação a um grupo pequeno, antes de sua aplicação
ao conjunto dos sujeitos a que se destina, o que permite ao pesquisador avaliar
e, se for o caso, revisá-lo e ajustá-lo. (SEVERINO, 2007, p. 126)
c) Diário de campo:
Consiste num instrumento de anotações,
um caderno com espaço suficiente
para anotações, comentários
e reflexão, para uso individual do
investigador no seu dia-a-dia. Nele
se anotam todas as observações de
fatos concretos, fenômenos sociais, acontecimentos, relações verificadas, experiências pessoais
do investigador, suas reflexões e
comentários. Ele facilita criar
o hábito de
escrever e observar
com atenção, descrever com
precisão e refletir
sobre os acontecimentos. Pode ser do tipo descritivo ou reflexivo.
Consoante Falkembach (1987, p.
19-24), o diário de campo do tipo descritivo:
[...] Busca captar uma imagem da
realidade, com seu máximo detalhamento,incluindo aspectos do local, pessoas,
ações e conversas observadas. [...] As notas descritivas dizem respeito
ao registro das informações referentes aos acontecimentos, na seqüência em que
ocorrem, podendo ser registradas ao vivo
e/ou imediatamente após, e complementadas posteriormente [...]
Segundo o mesmo autor (1987, p.
19-24), o diário de campo do tipo reflexivo:
[...] Apreende o ponto de vista do
observador, suas percepções, suas idéias e preocupações. [...] As notas analíticas
correspondem às reflexões pessoais: idéias, percepções e sentimentos surgidos durante a ação, nos contatos
formais e informais, registrados – ao vivo ou mais imediatamente possível em
forma de breves lembretes e posteriormente através de anotações mais elaboradas
[...]
NÍVEIS
LÓGICOS DAS PESQUISAS
Segundo Sánchez Gamboa (2007, p. 70), a
lógica das pesquisas pode ser articulada no âmbito:
a)
Metodológico:
que corresponde aos procedimentos de se abordar o objeto investigado, as
maneiras como são organizados os processos do conhecimento;
b)
Técnico:
que são os processos de sistematização e tratamento dos dados e as informações.
Refere-se aos instrumentos e passos operacionais com que são coletados e
sistematizados os registros, os documentos e as informações sobre o real;
c)
Epistemológico:
o qual se refere aos critérios de “cientificidade”, como as concepções de
causalidade, de ciência e critérios de validação dos requisitos da prova
científica;
d)
Teórico:
que corresponde aos referenciais explicativos ou compreensivos utilizados na
abordagem dos fenômenos estudados. Este nível se refere também aos núcleos
conceituais básicos, autores citados, pretensões críticas com relação a outras
teorias, conclusões e propostas apresentadas;
e)
Gnosiológico:
que se refere ao entendimento que o pesquisador tem do real, o abstrato e o
concreto no processo para a construção do objeto no processo de conhecimento da
pesquisa científica; corresponde as maneiras de abstrair, generalizar,
conceituar, classificar, formalizar ou, em termos gerais, as maneiras de
conceber o objeto e de relacioná-lo com o sujeito no processo cognitivo;
f)
Ontológico:
que corresponde às concepções de homem, de sociedade, de história (espaço,
tempo, e movimento), que exprimem a visão de mundo do pesquisador no momento de
realizar o processo de formular perguntas e procurar respostas para os
problemas ou fenômenos abordados.
ABORDAGENS
METODOLÓGICAS
“No
âmbito das ciências humanas, mais especificamente na área da Educação,
identificamos Sánchez Gamboa (1998) com um dos principais autores que vêm
discutindo as diferentes formas de fazer pesquisa, ao realizar estudos
epistemológicos desde a década de 80 acerca das pesquisas em educação no
Brasil. O autor, por meio de uma revisão da literatura especializada, classificou
as abordagens metodológicas a partir de três linhas de pensamento que se
apresentam de forma geral na produção de pesquisas no campo da educação. Linhas
que, epistemologicamente, possuem divergências e desdobramentos diferentes
quando relacionadas à prática profissional e/ou pedagógica. São elas: as
abordagens empírico-analíticas, as fenomenológico-hermenêuticas e as
crítico-dialéticas.” (SÁNCHEZ GAMBOA apud ANJOS, 2011, p. 54)
“Estas
abordagens são elementos constitutivos de 3 correntes de pensamento ou visões
de mundo diferentes, são eles: positivismo (empírico-analítica), fenomenologia
(fenomenológico-hermenêutica) e materialismo histórico-dialético
(crítico-dialética).” (SÁNCHEZ GAMBOA apud ANJOS, 2011, p. 54)
Abordagem
empírico-analítica
Os
princípios do positivismo são a busca da explicação dos fenômenos através das
relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos (TRIVIÑOS, 1987, p.
34). A filosofia positiva deve guiar o homem para a certeza, para a precisão,
distanciando-o da indecisão e eliminando o vago. O positivismo considera a
realidade como formada por partes isoladas, busca o conhecimento objetivo do
dado, alheio a qualquer traço de subjetividade e defende a neutralidade da
ciência. Emprega o termo variável como um dos elementos principais no processo
de quantificação dos fatos sociais (TRIVIÑOS, 1987, p. 38). As técnicas de
amostragem, os tratamentos estatísticos e os estudos severamente controlados são
instrumentos usados neste tipo de abordagem.
Abordagem
fenomenológico-hermenêutica
Na
fenomenologia, a idéia fundamental é a noção de intencionalidade. Esta
intencionalidade é da consciência que sempre está dirigida a um objeto
(TRIVIÑOS, 1987, p. 42-43). Tem como princípio que não existe objeto sem
sujeito. E segue na busca dos significados da intencionalidade do sujeito à
realidade (TRIVIÑOS, 1987, p. 48). Busca a essência, ou seja, o que o fenômeno
verdadeiramente é (TRIVIÑOS, 1987). Na fenomenologia o significado, que é o
conceito central para a análise, propõe a subjetividade como fundante do
sentido e defende-a como constitutiva do social e inerente ao entendimento
objetivo (MINAYO, 2004, p. 11).
Nas
pesquisas fenomenológicas, com procedimentos qualitativos, opera-se em geral,
com categorias (MINAYO, 1994). Categoria se refere a uma palavra ou um
conceito. Em geral, liga-se à idéia de classe ou série; são empregadas para
estabelecer classificações. Trabalhar com categorias, então, significa agrupar
elementos, idéias, expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo
isso.
MASINI
(2006) afirma que o método fenomenológico não se limita a uma descrição
passiva. É simultaneamente tarefa de interpretação que consiste em por a
descoberto os sentidos menos aparentes, os que o fenômeno tem de mais
fundamental.
Abordagem
crítica-dialética
Já
no materialismo histórico-dialético ou dialética marxista a idéia materialista
do mundo reconhece que a realidade existe independentemente da consciência
(TRIVIÑOS, 1987, p. 50). Segundo Triviños (1987, p. 51) talvez uma das idéias mais
originais do materialismo dialético seja a de haver ressaltado, na teoria do
conhecimento, a importância da prática social como critério de verdade. E ao
enfocar historicamente o conhecimento, em seu processo dialético, colocou em
relevo a interconexão do relativo e do absoluto. O autor também ressalta que a
categoria essencial do materialismo histórico-dialético é a contradição, que é
a origem do movimento. A abordagem do materialismo é a dialética: das relações
entre o indivíduo e a sociedade, entre as idéias e a base material, entre a
realidade e a sua compreensão pela ciência, e as correntes que enfatizam o
sujeito histórico e a luta de classes.
A
lógica da dialética esforça para entender o processo histórico em seu
dinamismo, provisoriedade e transformação. A crítica da dialética introduz na
compreensão da realidade o princípio do conflito e da contradição como algo
permanente e que explica a tranformação. Parte da premissa de que existe uma
relação dialética entre os fenômenos e a sua essência, entre o singular e o
universal, a imaginação e a razão, a base material e a consciência, entre a
teoria e prática, objetivo e subjetivo, indução e dedução (MINAYO, 2004).
SÁNCHEZ
GAMBOA (2007, p. 139) afirma que a dialética inclui a dinâmica do caminho de
volta, do todo às partes e das partes ao todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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dissertações e teses no Brasil. São
Carlos: UFSCar, 2011. 186p.
FALKEMBACH, Elza Maria F. Diário de campo: um instrumento de
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Ijuí, RS Vol. 2, n. 7 (jul./set. 1987), p. 19-24.
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MARCONI,
Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas
de Pesquisa. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2007. 289p.
MASINI, Elcie Salzano. Enfoque
fenomenológico da pesquisa em educação. In: FAZENDA, Ivani. Metodologia da pesquisa educacional.
10ª edição. São Paulo: Cortez, 2006.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa
qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1994.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa
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RODRIGO, Jonas. Fundamentação teórica: estudo de caso do TRT 18ª região. Brasília:
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Acessado em 07 de setembro de 2013.
SÁNCHEZ
GAMBOA, S. (Org). Pesquisa educacional:
quantidade – qualidade. 6ª edição. São Paulo: Cortez, 2007.
SÁNCHEZ
GAMBOA, S. Pesquisa em educação: métodos
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SÁNCHEZ
GAMBOA, S. Á. Fundamentos para La investigácion
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Fé de Bogotá: Cooperativa, Editorial Magisterio, 1998.
SÁNCHEZ
GAMBOA, S. Epistemologia da Pesquisa em
Educação. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 1987.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia
do trabalho cientifico. 23ª edição. Sao Paulo: Cortez, 2007. 304 p.
[1]Documento: em ciência, documento
é todo objeto (livro, jornal, estátua, escultura, edifício, ferramenta, túmulo,
monumento, foto, filme, vídeo, disco, CD etc.) que se torna suporte material
(pedra, madeira, metal, papel etc.) e uma informação (oral, escrita, gestual,
visual, sonora etc.) que nele é fixada mediante técnicas especiais (escritura,
impressão, incrustação, pintura, escultura, construção etc.). Nessa condição,
transforma-se em fonte durável de informação sobre os fenômenos pesquisados.
(SEVERINO, 2007, p. 124)