Blog "Metodologia Científica na Prática", de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.
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FICHAMENTO
BIBLIOGRÁFICO 1
ID: M003
TÍTULO DO TRABALHO: CIÊNCIA AMBIENTAL
DADOS BIBLIOGRÁFICOS:
MILLER JR., G. TYLER. Ciência Ambiental. 11ª edição. São Paulo: CENGAGE
Learning, 2012. 590p.
FICHA:
● Apresentação:
O livro intitulado “Ciência Ambiental”, de G. Tyler Miller Jr. (2012) é
um compêndio interdisciplinar sobre a sustentabilidade. Explana claramente o
funcionamento da Terra e suas inter-relações com a sociedade. Por meio de
estudos de caso, reflexões críticas, quadros-resumo, diagramas e suplementos
científicos apresenta as causas e os impactos das ações antrópicas sobre o meio
ambiente natural bem como as soluções para alcançar a sustentabilidade.
Considera a legislação ambiental norte-americana como parâmetro das políticas
ambientais no mundo. Fala bastante do Brasil, tomando por exemplo o
empreendimento de Curitiba como uma das megacidades mais sustentáveis do mundo.
●
Descrição:
O autor resume sua obra por meio de dois diagramas, a Figura 6.16 e a
Figura 6.17, salientando quatro princípios inter-relacionados de
sustentabilidade, derivados do aprendizado de como a natureza se sustenta,
quais sejam:
1. Energia solar: nossas vidas, estilos de vida e
economias são totalmente dependentes do Sol e da Terra. Precisamos da Terra,
mas ela não precisa de nós. Como espécie, somos dispensáveis;
2. Biodiversidade: todas as coisas estão relacionadas e
são interdependentes. O objetivo principal da ecologia é descobrir quais
relações na natureza são mais fortes, mais importantes e mais vulneráveis à modificação
para nós e para outras espécies;
3. Reciclagem de nutrientes: nunca fazemos uma ação
única. Qualquer intromissão humana na natureza tem efeitos colaterais
inesperados e, na maioria das vezes, indesejados. Quando alteramos a natureza,
precisamos perguntar: “E agora, o que irá acontecer?”;
4. Controle populacional: não podemos sustentar
indefinidamente uma civilização que exaure e degrada o capital natural da
Terra, mas podemos sustentar uma que sobreviva do rendimento biológico
fornecido pelo capital natural do planeta;
O capital natural é
constituído pelo somatório dos recursos naturais[1]
com os serviços naturais[2]. Os
recursos naturais e os serviços naturais fornecidos pelo capital natural da
Terra apóiam e sustentam as vidas e economias do planeta. Por exemplo, os
nutrientes ou elementos químicos, como carbono e nitrogênio, que plantas e
animais precisam como recursos, são reciclados por meio do ar, da água, do solo
e de organismos pelo processo natural da ciclagem de nutrientes. As interações
e a competição entre os diferentes tipos de plantas e animais (espécies) por
recursos (nutrientes) evitam que uma única espécie domine o serviço natural de
controle populacional.
As pegadas ecológicas[3] da
humanidade ultrapassam a capacidade ecológica da Terra de repor seus recursos
renováveis e de absorver os resíduos em cerca de 21%. Se essas estimativas
estiverem corretas, estamos usando os recursos renováveis 21% mais rápido do
que a Terra leva para renová-los. Em outras palavras, seriam necessários os
recursos de 1,21 planetas Terra para sustentar indefinidamente nossa produção e
consumo atuais de recursos renováveis.
O impacto ambiental[4]
(I) de uma população em determinada área depende de três fatores principais: o
número de pessoas (P), a média de uso de recurso por pessoa (riqueza, R), e os
efeitos ambientais benéficos ou nocivos das tecnologias (T) utilizadas para
fornecer e consumir cada unidade de recurso e controlar ou prevenir a poluição
e degradação ambiental resultantes.
Persistência é a medida
de quanto tempo o poluente permanece no ar, na água, no solo ou no corpo. Os
poluentes podem ser classificados em quatro categorias de acordo com sua
persistência:
a) Poluentes
degradáveis ou não-persistentes: são decompostos completamente ou reduzidos a
níveis aceitáveis pelos processos naturais físicos, químicos ou biológicos.
b) Poluentes
biodegradáveis: são poluentes químicos complexos que os organismos vivos (em
geral bactérias especializadas) decompõem em substâncias químicas mais simples.
O esgoto humano depositado em rios, por exemplo, é biodegradado de um modo
razoavelmente rápido por bactérias se o esgoto não for adicionado mais
rapidamente do que pode ser decomposto;
c) Poluentes
lentamente degradáveis ou persistentes: demoram décadas ou mais para degradar.
Entre estes estão o inseticida DDT e a maioria dos plásticos.
d) Poluentes
não degradáveis: são substâncias químicas que não podem ser decompostas pelos
processos naturais. Entre estes estão elementos tóxicos como chumbo, mercúrio e
arsênio. Devemos tentar não utilizar essas substâncias. Se o fizermos, é
preciso encontrar formas de mantê-las longe do ambiente.
Uma população é um grupo de indivíduos da mesma
espécie que interage e ocupa uma área específica. Uma comunidade, ou comunidade
biológica, é formada por todas as populações de diferentes espécies de plantas,
animais e microorganismos vivendo e interagindo em uma área.
Atualmente existem cerca de 1.412.000 espécies
conhecidas, sendo 751.000 insetos, 248.400 plantas, 57.700 protistas, 4.800
procariotos, 69.000 fungos e 281.000 outros animais.
Os cinco principais tipos de solo são: a) solo
desértico (clima quente, seco): mosaico de calhaus; seixos bem compactados;
húmus fraco; mistura mineral; b) solo de campos (clima semi-árido): alcalino,
escuro e rico em húmus; compostos de cálcio, argila; c) solo de floresta
pluvial tropical (clima úmido, tropical): húmus ácido e de cor clara; compostos
de ferro e alumínio misturados com argila; d) solo de floresta decídua (clima
úmido, ameno): serapilheira; mistura de húmus e minerais; greda siltosa clara,
marrom-acinzentada; argila firme, marrom-escura; e) solo de floresta de
coníferas (clima úmido, frio): serapilheira e húmus ácido; ácido e de cor
clara; compostos de alumínio, húmus e ferro.
As espécies que atuam como avisos iniciais de danos
a uma comunidade ou ecossistema são chamadas de espécies indicadoras. Por
exemplo, a presença ou ausência de espécies de trutas na água em temperaturas
dentro de sua faixa de tolerância é um indicador da qualidade da água, pois as
trutas precisam de água limpa com alto nível de oxigênio dissolvido. As aves
são excelentes indicadores biológicos, pois são encontradas praticamente em
qualquer lugar e são logo afetadas por mudanças ambientais, como perda ou
fragmentação de seus habitats e introdução de pesticidas químicos. As
borboletas são boas espécies indicadoras, pois sua associação a diversas
espécies de plantas as torna vulneráveis à perda e fragmentação de habitats.
Espécies-chave são aquelas que desempenham papéis
fundamentais na cadeia alimentar, sem os quais a mesma não pode subsistir. Em
algumas comunidades, as espécies-chave desempenham papel semelhante. Essas
espécies exercem um efeito muito maior sobre os tipos e abundância das demais
espécies em uma comunidade do que seus números sugerem. Eliminar uma
espécie-chave pode alterar drasticamente a estrutura e o funcionamento de uma
comunidade.
Alguns ecologistas acreditam que as espécies-chave
deveriam incluir as espécies fundadoras, que desempenham o importante papel de
moldar comunidades ao criar e aperfeiçoar seus habitats de maneiras que
beneficiam outras espécies. Por exemplo, os elefantes empurram, quebram ou
arrancam árvores, criando clareiras nos campos savânicos e florestas na África.
Seu trabalho promove o crescimento de gramíneas e outras plantas de forragem
que beneficiam espécies menores, como os antílopes, e acelera a taxas de
ciclagem de nutrientes. Algumas espécies fundadoras de aves e morcegos podem regenerar
áreas desmatadas e espalhar plantas frutíferas ao dispersar sementes dessas
plantas por meio de seus excrementos.
Dentre as ferramentas de urbanismo utilizadas para
impedir e controlar o crescimento urbano e o alastramento, destaca-se:
I - Limites
e regulamentações: a) limitar autorizações para construção de edifícios; b)
limites do crescimento urbano; c) cinturões verdes em volta das cidades; d)
crítica pública do novo desenvolvimento;
II - Zoneamento:
a) encorajar o uso misto; b) concentrar o desenvolvimento ao longo de rotas de
transporte em massa; c) promover desenvolvimento de moradias aglomeradas de
alta densidade;
III - Planejamento:
a) planejamento para uso ecológico da terra; b) análise do impacto ambiental;
c) planejamento regional integrado; d) planejamento estadual e nacional;
IV - Proteção:
a) preservar o espaço aberto existente; b) comprar novos espaços abertos; c)
comprar direitos de desenvolvimento que proíbam determinados tipos de
desenvolvimento em lotes de terra;
V - Impostos:
a) cobrar impostos de terras, e não de construções; b) cobrar impostos de terra
sobre o valor do uso real (como florestas e agricultura) em vez do valor mais
alto como terra desenvolvida;
VI - Isenções
de impostos: a) para proprietários que concordarem legalmente em não permitir
determinados tipos de desenvolvimento (encargos de conservação); b) para limpar
e restaurar locais urbanos abandonados (áreas ociosas ou brownfields);
VII - Revitalização
e novo crescimento: a) revitalizar cidades existentes; b) criar novas vilas bem
planejadas dentro de cidades maiores.
Os seis tipos de energia renovável são: solar, de
água corrente, eólica, de biomassa, de hidrogênio e geotérmica.
● Avaliação:
Do ponto de vista do autor, apesar de os problemas e conflitos
socioambientais constituírem uma questão complexa de ser solucionada, ainda sim
é possível alcançar a sustentabilidade. Nas palavras dele, “possuímos uma
incrível gama de soluções científicas, tecnológicas e econômicas para os
problemas que enfrentamos”, sendo o nosso desafio “implementar tais soluções
convertendo conhecimento, sabedoria e pontos de vista ambientais em ações
políticas” (MILLER JR., 2012, p. 500).
Percebe-se no decorrer de todo o compêndio a riquíssima bagagem acadêmica
e profissional do autor, a seriedade com que ele fez sua obra bem como a
altíssima confiabilidade das informações apresentadas. MILLER JR. transparece
otimismo no decorrer de sua obra, apontando soluções baseadas em exemplos reais.
Seu otimismo fica clara em trechos como o que diz “esta é época empolgante para
estar vivo uma vez que nos empenhamos para implementar tais ideais [soluções
científicas, tecnológicas e econômicas para os problemas que enfrentamos]
iniciando uma nova forma de relacionamento com a Terra, que nos mantém vivos e
suporta nossas economias” (MILLER JR., 2012, p. 500).
Baseando-se no fato de
que todo o progresso ambiental que fizemos desde 1968, com o lançamento do
livro “Primavera Silenciosa”, de Raquel Carson, para ele, alcançarmos a
sustentabilidade global requer compreender que os indivíduos realmente fazem
toda a diferença. “Essa jornada começa em nossa comunidade”, afirma o autor,
justificando que, na análise final, “toda sustentabilidade é local” (IBID).
Ressalta o autor que esses esforços devem começar com a mudança de nosso
próprio estilo de vida, pois é esse o sentido do mote: “Pense globalmente, aja
localmente”.
● Recomendação:
Diante da vasta bagagem acadêmica e profissional de G. Tyler Miller Jr.,
seus argumentos, premissas e conclusões se fazem muito bem fundamentados. Sua
obra possui um conteúdo extremamente sólido em ciências ambientais. As revisões
nela realizadas garantem o rigor técnico e metodológico de um compêndio de
altíssima confiabilidade, motivo pelo qual a aprovo e recomendo a todos os
interessados pela sustentabilidade social, econômica e ambiental.
[1]Ar, solo, água, terra, vida
(biodiversidade), minerais não renováveis (ferro, areia), energia renovável
(sol, vento, fluxos de água), energia não renovável (combustíveis fósseis,
energia nuclear). (MILLER JR., 2012, p. 4)
[2]Purificação do ar, purificação da
água, renovação do solo, reciclagem de nutrientes, produção de alimentos,
polinização, renovação de campos, renovação de florestas, tratamento de
resíduos, controle do clima, controle populacional (interações entre as
espécies), controle de pragas. (MILLER JR., 2012, p. 4)
[3]A pegada ecológica per capita é a
quantidade de água e terra biologicamente produtiva necessária para fornecer a
cada pessoa os recursos que ela usa e para absorver os resíduos gerados com o
uso desses recursos. (MILLER JR., 2012, p. 9)
[4]Impacto ambiental da população
(I) = população (P) x consumo por pessoa (riqueza, R) x impacto tecnológico por
unidade de consumo (T).
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